23.8.03

antropofobia

a cabeça em cacho de flores. pendurada pelo pescoço, suspensa no ar. do tecto do céu até quase ao chão como um candelabro fantasma. os seus movimentos regulares, sinusoidais, sobre si própria. como quem diz que sim e que não ao mesmo tempo. (...) uma inquietação de insecto, os gânglios do mar, um cancro linfático (...) e a cabeça era uma alucinação de pétalas. e eu estava a vê-la como se fosse uma floresta em armas. com o espanto de cervicais lesionadas. susupenso no ar, e eu a falar com ele, com um arbusto. um frio de paralisia, um frio de espiritismo. um arbusto cujo comportamento parecia uma pessoa. (...) esfregar os olhos de cansaço e encontrar a própria caveira (...) para tar a perceber que tava a falar com uma cabeça de clorofila. e movia-se sobre o seu próprio eixo. foi quando percebi que há objectos que têm pessoas lá dentro.

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