no silêncio e sossego
do meu quarto
não tenho febre
e escrevo
um edredão de espirais verdes
uma caneta de escreve fluidos,
as minhas estas paredes
que eu pintei um dia
de artes plásticas
a amurada de livros protege-me
na cama-barco que navego sonhos
o ar tão quadrilátero e arrumado
as reticências da minha sonolência
os pensamentos de subducção,
os rochedos que recordo praias
o que eu espero geológico
pelo solstício de inverno
e descobri um prazer profundo
leve e tão profundo o meu prazer:
o de respirar com os pulmões grandes
como a sombra da copa de uma árvore
(o nevoeiro interno
é agora orvalhar verde
que floresce florestas)
não reconhço nem a deuses,
nem a astros, o direito à vida
mas tenho crescido ultimamente
por isso hoje posso escrever
o movimento
da terra que vai para debaixo da terra
ainda está longe
6 comentários:
"eu nem sequer sou poeta: vejo!"
ehehehehhe
um dos versos mais brilhantes de todo o sempre!
olha, beijinhos, estás a exagerar porque eu deixei de ser poeta. felizmente. agora escrevo uns poemichos. sem pretensões a literatura.
fiquei a pensar: quem diz que escreve despretendiosamenet só pode estar a ser pretensioso.
Creio que esta é a primeira vez que comento o teu blog, mas tenho-o acompanhado há largos meses: e, se estes dois últimos sao poemas "sem pretensões a literatura", assim fiquemos, poeta Rafael!Para que precisa a Poesia da Literatura?
grande abraço!
sereno e tranquilo...
realmente pareces crescer...
tão longe que estás agora do «já aqui sem bulício»...
um abraço.
iluminado?
iluminado era o ÉDISON!! que inventou a lâmpada!
iluminado era o Kant, pá! E o Freud, mas esse acho que se drogava.
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