18.1.09

um embrião a sonhar









ainda não nasci

rede de veias em redor

estrada deserta com solitude

a dissolução dos pensamentos

árvore fluída a desabrochar

tem sido difícil até aqui

duas tintas, duas escritas

vitelo desmanchado em quartos

um arco-íris perfeito em semi-círculo

um projecto que nunca se realizará

as dúvidas são como as bactérias

há planícies onde se envelhece muito

uma máquina de metal com dentes

o sol a pôr-se ridículo e fatalista

o destino é um escaravelho

e outros disparates românticos

alguma coisa a desfazer-se no horizonte

maré vazia, conchas nocturnas

os cavalos no jogo do xadrez

um gato a dormir ao sol

não cheguei a nascer


5.1.09

em vez da ode marítima















instabilidade emocional

a vida na plataforma continental

os microrganismos na água

uma casa inundada de algas

peixes a olharem cheios de terror

cardumes de pensamentos afogados

dormir no azul da prússia

com cabelos de mitocôndria

cinco dedos folhas de cada pé

uma pessoa a cair no chão

os ventrículos de um polvo

animais que vivem da filtragem

absessos de cérebro, cáries neurológicas

um grande tremor da personalidade

barco afundado de outras eras

o sangue transporta sais

fissuras na crosta terrestre

espetar agrafos nas pernas

os limos e outros pulmões

a vida quotidiana é insalubre