13.11.06

movimento de subducção

no silêncio e sossego
do meu quarto
não tenho febre
e escrevo

um edredão de espirais verdes
uma caneta de escreve fluidos,
as minhas estas paredes
que eu pintei um dia
de artes plásticas

a amurada de livros protege-me
na cama-barco que navego sonhos

o ar tão quadrilátero e arrumado
as reticências da minha sonolência
os pensamentos de subducção,
os rochedos que recordo praias
o que eu espero geológico
pelo solstício de inverno

e descobri um prazer profundo
leve e tão profundo o meu prazer:
o de respirar com os pulmões grandes
como a sombra da copa de uma árvore

(o nevoeiro interno
é agora orvalhar verde
que floresce florestas)

não reconhço nem a deuses,
nem a astros, o direito à vida
mas tenho crescido ultimamente

por isso hoje posso escrever
o movimento
da terra que vai para debaixo da terra
ainda está longe

6 comentários:

rafael disse...

"eu nem sequer sou poeta: vejo!"

ehehehehhe
um dos versos mais brilhantes de todo o sempre!

olha, beijinhos, estás a exagerar porque eu deixei de ser poeta. felizmente. agora escrevo uns poemichos. sem pretensões a literatura.

rafael disse...

fiquei a pensar: quem diz que escreve despretendiosamenet só pode estar a ser pretensioso.

Anónimo disse...

Creio que esta é a primeira vez que comento o teu blog, mas tenho-o acompanhado há largos meses: e, se estes dois últimos sao poemas "sem pretensões a literatura", assim fiquemos, poeta Rafael!Para que precisa a Poesia da Literatura?

grande abraço!

anoeee disse...

sereno e tranquilo...

realmente pareces crescer...

tão longe que estás agora do «já aqui sem bulício»...

um abraço.

Anónimo disse...

iluminado?

iluminado era o ÉDISON!! que inventou a lâmpada!

T disse...

iluminado era o Kant, pá! E o Freud, mas esse acho que se drogava.