mexo-me sem ossos, cidade líquida
a corda das nuvens amarra o céu
um gato a olhar para a lareira
sou forçado a ter que falar
carapaça de quitina, é um insecto
paisagem lunar submarina
nesta lâmina lê-se o futuro
uma pessoa completamente labirintos
as flores mortas sobre a mesa
e os pés enterrados no chão
o azimute de não estar aqui
linhas difusas no nevoeiro
as paredes a sussurrarem-me
o corpo sangrado de electricidade
um ar condicionado ao longe
uma pessoa que não nasceu
vivo dentro de um funil
musgo-me nas árvores,
bidões nos baldios, trilhos,
um deus a devorar uma criança
e as pepitas da anarquia a luzirem
7 comentários:
muito bom, como sempre
marie curie
Credo!!!
Sempre a causar sensações...
Um bocado forte.
Muito bom mesmo.
Beijo
Van
bem, já sabes... é(s) realmente muito bom!
Beijinhos, miudo giro.
Conchinha
Dentro do funil, o poeta espera o dilúvio. Algo virá para limpar o musgo, o podre, as crostas.
Novamente uma estrutura difusa, de haikus sucessivos em intersecção. Gosto bastante do teu estilo. Hei-de publicar-te!
um abraço
um poema e tanto!
fazia séculos que não vinha aqui. aliás, que não ia a lugar algum na net.
foi bom voltar.
um beijo daqui.
A vida num funil é uma imagem que dá que pensar...
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