31.10.08
as paisagens solenes
canteiro com flores da retórica
céu de calcário, mesa de mármore
hélice aprisionada numa grade
o sapal das doenças
a floresta das bactérias
mão de radiografia a acenar
talvez seja possível não sofrer
pássaro de pedra, vôo profundo
a estátua derrubada de um mito
um jogo de ossos humanos
um carreiro com ervas e lua
sonhos de morte e decomposição
a taxa de suicídio deste ano
instalações portuárias, balança comercial
os valores acumulados da precipitação
o número de crianças subterrâneas
as vezes que o sol já nasceu
carcassa de noite com costelas
andar de um lado para o outro
talvez seja possível não sofrer
o fogo é um fósforo a arder
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2 comentários:
muito bonito.
E a faca não corta o fogo!
Quantas vezes já nasceu o sol? Que faz esta paisagem solene em céus de calcário?
um abraço
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