
sento-me num banco da gulbenkian
para jiboiar o almoço
os velhos da batota
reúnem-se em agitação geriátrica
rosnando copas, política, futebol
agora passou um avião
desenhando uma geodésia de fumo
anel de saturno em volta da terra
as grandes narrativas acabaram:
ulisses apanha o cacilheiro para casa
édipo é arguido por burla
antígona trabalha num bar à noite
prometeu tira direito na católica
medeia acabou de adoptar um filho
virgílio leva dante a conhecer o chiado
hamlet é doido por hambúrgueres
e fausto, enfim, inscreve-se num curso
de meditação
mas daqui a um mês
mais coisa menos coisa
é o solstício de inverno
depois disso os dias voltam
a inchar luz por dentro...
(equinócio, solstício, equinócio, solstício):
- é assim a vida...

6 comentários:
Poema prodigioso (a quarta estrofe é a minha preferida) e tal.
lol boa prometeu a tirar direito.
Lindo
Nadir, unusmundus
bonito :)
prazeiroso :)
gostei :)
:) beijinhos
Uma vez vc me disse que não gostava de poesia. No entanto, quando vc se arrisca, sai-se muito, muito bem. Como aqui. Me lembrou Frank O'Hara e sua acidez tão urbana. Gostei muito.
Beijo do verão.
Muito, muito bom!
Beijinhos
Adriana
Só vou repetir o que todos já disseram, muito bom
beijinhos,
Guida
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