o coração da minha mãe
é um papel de seda
ensopado em sangue
odieia-a anos a fio
lembro-me da indiferença,
quase alegria, quando ela
bateu com o carro e me tele
fonou, às quatro da tarde,
comigo a ressacar
é mais fácil escrever à paulada
que escrever um poema à mãe
(a não ser que sejamos russos)
o coração da minha mãe
é um papel de seda
ensopado em sangue
puxado para a frente e para trás
e que um dia se rasgará
espero daqui a muitos anos
29.7.05
27.7.05
monóxido de carbono (ou: máquina e remorso)
os pulmões do motor
a asmarem furiosos força,
as nuvens no céu, a invadirem
a terra, com as suas toneladas
o seu peso, e a sua ânsia em
morrerem
o motor em asma,
com os brônquios do óleo
tubagens pulmonares
e o dínâmo da força
a fazer força
a correia das nuvens,
a roda dentada ignição,
o relâmpago, o monóxido, as sombras,
sujas de óleo, do motor,
das âmpolas e das engrenagens
que se sucedem em força
agora
a máquina e o remorso
estão ligados
a asmarem furiosos força,
as nuvens no céu, a invadirem
a terra, com as suas toneladas
o seu peso, e a sua ânsia em
morrerem
o motor em asma,
com os brônquios do óleo
tubagens pulmonares
e o dínâmo da força
a fazer força
a correia das nuvens,
a roda dentada ignição,
o relâmpago, o monóxido, as sombras,
sujas de óleo, do motor,
das âmpolas e das engrenagens
que se sucedem em força
agora
a máquina e o remorso
estão ligados
observatório
este candeeiro tem uma
determinada, específica, luz,
estas mãos têm determinadas
palavras que se juntam
fazendo textos, e por vezes
enxurradas e por isso afogar
este quarto tem verão
agarrado às paredes, e
cómodas com imperadores
romanos lá dentro, tapetes
incaracterísticos, um armário
um tecto de quatro cantos,
uma tijoleira vermelha,
um colchão no chão
e nele um "poeta"
a escrever umas coisas
determinada, específica, luz,
estas mãos têm determinadas
palavras que se juntam
fazendo textos, e por vezes
enxurradas e por isso afogar
este quarto tem verão
agarrado às paredes, e
cómodas com imperadores
romanos lá dentro, tapetes
incaracterísticos, um armário
um tecto de quatro cantos,
uma tijoleira vermelha,
um colchão no chão
e nele um "poeta"
a escrever umas coisas
25.7.05
a menina das tranças
a miúda jovem mulher das tranças
e dos seios grandes e fortes a
menina das tranças na esplanada
de biquini azul bebe um sumo
e os lábios dela são inchados
de "fertilidade" e de beijos por dar
de cara bolachuda e perfeita,
curvada sobre a mesa, ausente
dos olhos gulosos do "poeta"
que transforma o mais puro e
duro desejo sexual em arte literária
a licra zul clara não esconde
as suas maminhas tão filosóficas
quanto grandes e interessantes ao tacto
que ela coça destraidamente
para gáudio e excitação do "poeta"
que morde as mãos para se acalmar
a menina das tranças
é a "fertilidade" em pessoa,
e o "poeta" teria muito gosto
em vê-la inchar com a sua semente
e dos seios grandes e fortes a
menina das tranças na esplanada
de biquini azul bebe um sumo
e os lábios dela são inchados
de "fertilidade" e de beijos por dar
de cara bolachuda e perfeita,
curvada sobre a mesa, ausente
dos olhos gulosos do "poeta"
que transforma o mais puro e
duro desejo sexual em arte literária
a licra zul clara não esconde
as suas maminhas tão filosóficas
quanto grandes e interessantes ao tacto
que ela coça destraidamente
para gáudio e excitação do "poeta"
que morde as mãos para se acalmar
a menina das tranças
é a "fertilidade" em pessoa,
e o "poeta" teria muito gosto
em vê-la inchar com a sua semente
21.7.05
ceci ne cést pas un pipe
escolho as palavras
cuidadosamente pego nelas,
como se fossem microscópios,
e perante o mar escolho
a palavra mar para o descrever
a "lua" é um bocado de terra
morta no meio das estrelas
a rapariga passa e sorri,
nada do mundo é mais belo
que uma rapariga que passa
e a "lua" é uma lata velha
suja de crateras
cuidadosamente pego nelas,
como se fossem microscópios,
e perante o mar escolho
a palavra mar para o descrever
a "lua" é um bocado de terra
morta no meio das estrelas
a rapariga passa e sorri,
nada do mundo é mais belo
que uma rapariga que passa
e a "lua" é uma lata velha
suja de crateras
silence still
farto do fausto e das suas merdices decidi suspendê-lo por tempo indeterminado e fazer uns poemas que se poderão agrupar segundo um grupo (ou livro) que se chamará CICLO DO CARBONO. tou numa tentativa de escrever cenas menos agrestes, de ter um tom o mais neutro possível, poemas descritivos enfim sempre um bocadinho melancólicos (o que fica sempre bem). acho que já tentei escrever assim muitas vezes. mas acabo sempre por começar aos pinotes e aos pontapés e a meter facas nos textos e sangramentos diversos, pústulas infectadas e outras mui variadas mazelas em odivelas, etc... lol, então aqui vai:
Silence Still
o ladrar de um cão ao longe
a luz da lâmpada no papel
estes livros e estas canetas
o escruto por detrás das persianas
o barulho morno do trânsito,
misturando com a água das ondas
que se ouvem ao longe,
um pássaro retardatário
uns ramos quem barulho nos ramos
estar parado a reflectir ou a sonhar
estar atento aos barulhos da noite
da noite não tem vento
um ar condicionado, a sua ventoinha
o calor geológico do verão
e a "imortalidade"
Silence Still
o ladrar de um cão ao longe
a luz da lâmpada no papel
estes livros e estas canetas
o escruto por detrás das persianas
o barulho morno do trânsito,
misturando com a água das ondas
que se ouvem ao longe,
um pássaro retardatário
uns ramos quem barulho nos ramos
estar parado a reflectir ou a sonhar
estar atento aos barulhos da noite
da noite não tem vento
um ar condicionado, a sua ventoinha
o calor geológico do verão
e a "imortalidade"
Subscrever:
Mensagens (Atom)