28.7.03

segunda cozinhando o cérebro

segunda cozinhando o cérebro dentro da cabeça, a música tá muito alta
- porque não baixá-la
e será possível? e será possível baixá-la.
as ideias fervem dentro da cabeça. eu vivo mais de noite do que de dia. tenho uma osga de estimação. não está num terráreo, está no quarto ao lado, tem um quarto só para ela. uma osga afinal é um lagarto lindo, as pessoas têm medo JA SE VIU QUE OS DINAUSSAURIUS, as pessoas têm medo, mas por vezes não há que ter medo,
ontem tive uma experiência de abducção. abduzi uma rapariga pequenina, relativamente estrábica, que estava num sofá grande sem costas, no meio de alguém que estava no sonho,
tratava-se de um romance, de um grande romanca, um romance já imaginado através da rede, mas não pensava que ela fosse assim, tão pequenina, tão frágil, e isso deu-me uma ternura muito grande, aquela posição clássica que enternece os homens: A PROTECÇÃO, quando a conheci, havia mais gente, como se ela tivesse chegado com uma turma. eram irritantes. doia-me a cabeça. estava a trabalhar num livro, espantado em frente ao computador. teve que haver violência. quando sonho com o cérebro empapado em alcóol há sempre violência.
e depois
a osga movimenta-se numa grande economia de esforço, rodando todo o seu corpo enquanto puxa a pata para a frente, e ao puxar a pata para a frente é a VELOCIDADE
e depois foi a ternura, tudo o que um porco pode querer e nunca disse, apenas a ternura de namorar, e já nem digo sexo, apenas aquela abducção extraterrestre de lhe pegar por debaixo dos braços e sentir uma grnade segurança, porque ela vai dizer sim
mas antes foi preciso alguma violência, eram plataformas de escolhos, caras queimadas em quadros, pessoas conhecidas sentadas dentro do seu vértice ou precipício, alguma massa humana, alguma massa humana sem dúvida, saracoteava-se por grandes compartimentos quadrangulares e de metal, mas isso era quando ela não estava lá
era uma casa infinita
segunda cozinhando o cérebro, espremendo-o para tentar exaurir, EXAURIR OUVIRAM?!, tudo o que aconteceu ontem
eu prefiro estar a domir do que acordado. não acredito nada na vida real. e prefiro sonhar. mesmo quando sou apunhalado também posso voar, mesmo quando não encontro os sapatos também posso ser transparente.
e ela era linda, pequenina, com os olhos tortos que lhe dava um ar por de quem eu poderia morrer. e não estava à espera ao princípio, porque sim, já tínhamos trocado correspondência, mas depois de a encontrar creio que tive algum retraimento, mas quando a puxei do sofá, quando a abduzi, senti que ela tava tão feliz, com a sua ternura concentrada, como um buraco negro, com uma densidade de amor demasiado cósmica para eu não sorris cintilando estrelas nos dentes
a única coisa que interessa é o enamoramento e namorar, e o resto, traições, amputações, pátrias, caminhos ritzomáticos, é tudo um pano de fundo para disfarçar
que belo namoro que comecei ontem, tou tão feliz...

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