6.8.09

o escriba escrito





irrealismo crónico e profundo

textos todos riscados

aqui e ali uma palavra

espreitando através do naufrágio

inoculado de ódio


cérebro raiz de gelatina

por vezes nada se aproveita

a paisagem a enferrujar indefinida

ao longe disparos desconvictos

e ao perto a radiação


o sangue nos seus circuitos

os pássaros com vertigens

mais palavras riscadas

uma palavra a espreitar

o arame farpado de rasurados

é a génese do não-nascer


as palavras são muito pequenas

as letras, essas, minhocas

um verme humano portanto

a secretar segredos

e a debater-se na escuridão