1.10.05

praia da adraga

o mar está picado...
como eu, o mar é um homem
revoltado

entre a bruma de outubro
e as rochas batidas pelo sal
a luz prateada e ofuscante,
a maré vazia,
os penhascos em volta
espetam a barriga do vento,

a maré vazia cheira intensamente:
cheira a pescado e ao norte da europa

o mar sorri-me aos trambulhões
como se estivesse bêbado e neurótico

e eu sou um animal revoltado
numa jaula
(firo-me nas grades para tentar sair)
mas se me quiseres ajudar,
podes ter a certeza:
mato-te

32 comentários:

rafael disse...

o quadro é do munch.
a raiva é minha.

LOL

desculpe lá mas acho que temos todos o direito de estar mal dispostos e revoltados. não acha?

Anónimo disse...

caracas!



LOL

Anónimo disse...

(ainda bem que não é o grito do munch!)

Anónimo disse...

(tás a precisar de potes de mel. pareces o gajo do hulk, a controlar o hulk. o fausto a espreitar)

Anónimo disse...

potes de mel
potes de mel
potes de mel
potes de mel
resmas de potes de mel

rafael disse...

lol

Anónimo disse...

Forte!
E o "pior" é que às vezes é mesmo assim. eheheh!:)
Muito bom :)

beijinhos :)

P.S. O final é como que um murro.

Anónimo disse...

Tens uma escrita perfeitamente "compassada". As imagens neste poema são belissimas.

:):)mais beijinhos.

Anónimo disse...

A "hulkidade" do Fausto está relacionada com as estações do ano.

Anónimo disse...

"Do toque da concha
senti o beijo do mar."

Anónimo disse...

...é melhor nem perguntar se precisas de ajuda!! mas que raio é que te revolta assim tanto?

escreves uns poemas interessantes:)

Anónimo disse...

a 'hulkiedade' do fausto não é verde, é azul de mar e pés de areia...


macaco chinês

Anónimo disse...

pois eu acho que está tudo ligado com o texto da bandeja!!

Anónimo disse...

Morde aqui, morde!!!




LOL

Anónimo disse...

Prenda (potinhos de mel) pó Fausto:



Sei os teus seios.
Sei-os de cor.

Para a frente, para cima,
Despontam, alegres, os teus seios.

Vitoriosos já,
Mas não ainda triunfais.

Quem comparou os seios que são teus
(Banal imagem) a colinas!

Com donaire avançam os teus seios,
Ó minha embarcação!

Porque não há
Padarias que em vez de pão nos dêem seios
Logo p'la manhã?

Quantas vezes
Interrogastes, ao espelho, os seios?

Tão tolos os teus seios! Toda a noite
Com inveja um do outro, toda a santa
Noite!

Quantos seios ficaram por amar?

Seios pasmados, seios lorpas, seios
Como barrigas de glutões!

Seios decrépitos e no entanto belos
Como o que já viveu e fez viver!

Seios inacessíveis e tão altos
Como um orgulho que há-de rebentar
Em deseperadas, quarentonas lágrimas...

Seios fortes como os da Liberdade
-Delacroix-guiando o Povo.

Seios que vão à escola p'ra de lá saírem
Direitinhos p'ra casa...

Seios que deram o bom leite da vida
A vorazes filhos alheios!

Diz-se rijo dum seio que, vencido,
Acaba por vencer...

O amor excessivo dum poeta:
"E hei-de mandar fazer um almanaque
da pele encadernado do teu seio"

Retirar-me para uns seios que me esperam
Há tantos anos, fielmente, na província!

Arrulho de pequenos seios
No peitoril de uma janela
Aberta sobre a vida.

Botas, botirrafas
Pisando tudo, até os seios
Em que o amor se exalta e robustece!

Seios adivinhados, entrevistos,
Jamais possuídos, sempre desejados!

"Oculta, pois, oculta esses objectos
Altares onde fazem sacrifícios
Quantos os vêem com olhos indiscretos"

Raimundo Lúlio, a mulher casada
Que cortejastes, que perseguistes
Até entrares, a cavalo, p'la igreja
Onde fora rezar,
Mudou-te a vida quando te mostrou
("É isto que amas?")
De repente a podridão do seio.

Raparigas dos limões a oferecerem
Fruta mais atrevida: inesperados seios...

Uma roda de velhos seios despeitados,
Rabujando,
A pretexto de chá...

Engolfo-me num seio até perder
Memória de quem sou...

Quantos seios devorou a guerra, quantos,
Depressa ou devagar, roubou à vida,
À alegria, ao amor e às gulosas
Bocas dos miúdos!

Pouso a cabeça no teu seio
E nenhum desejo me estremece a carne.

Vejo os teus seios, absortos
Sobre um pequeno ser


Alexandre O'Neill

Anónimo disse...

ah, pois tá!

Anónimo disse...

o quadro é do munch.
a raiva é minha.

Isto também é um poema.

Anónimo disse...

potinhos de mel = corações cheios de amor

Anónimo disse...

querubim passou por aqui.


Pi:) beijo do querubim.

ISABEL Mar disse...

Waw!!! Que força! Adorei a força. Eros e Tanathos sempre juntos...

Anónimo disse...

http://sherrielealaird1.tripod.com/MarilynMonroe/


:D hey malta! é o link da marilyn reincarnada!!!


very nice poem, pá! ;D

Anónimo disse...

http://sherrielealaird1.tripod.com/
MarilynMonroe/



LOL

fausto e humores, mr. jéquil e mr. háide LOL

Anónimo disse...

adraga praia

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

A raiva é surda...

Anónimo disse...

Concordo com a Piedade Araújo Sol.

Anónimo disse...

A raiva cega.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Com raiva escrevi um poema!Com raiva o rasguei!Com raiva chorei!Com raiva me puni!Com raiva matei a raiva e para ali a amarfanhei......

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Querubim beijo

Anónimo disse...

Pi :)
não tenho comentado os teus poemas tanto quanto queria por causa dos problemas de log in que tenho tido... Tenho lido tudo e tudo apreciado :)
Beijo :)

(Rafael, perdão por este aparte).

anoeee disse...

Gosto destas conversas com o mar... Fonte de muita reflexão. Mas enganas-te numa coisa: a tua jaula não está fechada; e se te feres nas grades, ao tentares sair, é porque a porta não está onde tu pensas que está e sim noutro lado.

Anónimo disse...

palavras belas, anoeee ;)

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Querubim o Rafa não se importa...e se, ele se importar pedimos ajuda ao Fausto ):):)