não faz sentido
foda.se
27.12.03
26.12.03
24.12.03
23.12.03
16.12.03
um quarto de quartzo
a rapidez do nevoeiro passa. por entre um rio espelhado a cimento e longos armazães junto á horizontal do rio. um nevoeiro de granito e nele alguém me falou de uma morte recente de uma pessoa que conhecia. "cruzes credo na porta da tabacaria!". é uma reencarnação dessa personagem concerteza. mas eu sou suficientemente egoísta para me alhear do facto, para não ligar, e para furar o nevoeiro como a alegria de um combóio. e o sol atraí-me com os seus cânticos e os seus crepúsculos.
alguém disse uma vez que a morte só acontece aos outros. como é bela e verdadeira essa frase.
alguém disse uma vez que a morte só acontece aos outros. como é bela e verdadeira essa frase.
13.12.03
aparelhos respiratórios
, as vírgulas na paisagem, estruturas linguísticas erguem-se como muralhas, e lá dentro talvez esteja o ser. os tubos respiratórios cheios de asma, a ventilação,
a fluidez do fogo
se formos bem a ver o fogo comporta-se mais como a água, com os seus caudais, meandros e estuários em delta, do que qualquer outra coisa
10.12.03
um quadro de munch
depois do beijo, sorrio sangue. ela retribui o sorriso. e mostra os ossos da boca.
5.12.03
estão a visitar a minha mente, anjos da ignorância caem ao chão como vidros partidos, marchas militares, a humanidade desfila com a sua desumanidade, se nos preocuparmos com o nada, se nos enquadrarmos nos debaixo da terra, os sonhos, a queda da casa de uscher, sirenes tocam a rebate, é a hora do recolher obrigatório.
os desenhos lá estavam. enormes a cercarem-me pelas paredes. casas. jardins. muros. pormenores. e o corpo deslocava-se entre eles como uma coluna cervical pendurada pelo pescoço. e a luz era ténue, e ficou pesada como um batiscafo. e os desenhos estavam nas paredes, a sorrir a longa humilhação de tantos anos.
4.12.03
2.12.03
ser e tempo
por vezes a floresta não é um monstro. com lagostins nas suas raízes, as árvores submersas, todo um ecossistema da salvação, com a sopa da humidade e do húmus, e peixes por entre os caules, cinestesicamente a dar às barbatanas. por vezes a floresta não é um monstro mas tão só e apenas o labirinto que precisamos de vencer. esses fungos e musgos antropológicos, que pintalgam as cascas da árvores, e os cogumelos a espreitar de podridão, com o seu ar esfíngico prometendo a morte ou as mais raras visões do universo. e o frio. e a escuridão. um frio e uma escuridão terríveis, que molha os ossos como um cargueiro, como a alegria, a afogar-se.
um espaço em branco
um espaço em branco, que não foi quando se escreve, as minhas mãos, o cimento despejado é na aorta, essas bombas coronárias que em fluxo, que correr na planície e no areal, polido de vento e de chuvas. a correr com o fôlego aos farrapos. um torso da serra, deitado na catástrofe. aqui houve um vulcão, de quem está no guincho a ver a serra. e depois ainda o espírito confuso. a perturbação. a eterna e cíclica perturbação. vou ter de morrer outra vez, parece-me. enquanto o vendaval leva os trapos e plásticos pelos ares. e a maresia resfolega amarelada de resíduos de crude. e as ondas gigantes e enérgicas redemoinham o litoral. nada se consegue e é tudo muito triste. apesar de continuarmos a correr, a fazer jogging, num frio cortante e em céus nietzchianos, a fazer corridas para tentar fazer funcionar o coração.
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