8.11.03

penedo

de vez em quando passo no portão da casa dos teus pais. nunca entrei lá. mas tive uma vez nos teus anos numa casa que dava para a sé de lisboa. o teu quarto era cheio de coisinhas, budas, incensos, amuletos, panos étnicos. e tinhas uns olhos lindos e uma magreza que só mais tarde é que percebi que era esculpida pela heroína. e tinhas aquele ar vago, ausente, de quem se dedica a esoterismos. e eras uma personagem que despertava uma certa curiosidade. e depois morreste. só o soube umas semanas depois. gostava do teu ar frágil, talvez isso me despertasse instintos de protecção. mas sendo sincero não posso dizer que tenha sido muito afectado pela tua morte. mal te conhecia. mas sentia e continuo a sentir simpatia por ti. nunc ative por ti apaixonado, como faz querer parecer o contexto desta conversa. mas sempre que passo na estrada que vai para o penedo, e passo à frente da casa dos teus pais, lembro-me de ti. e fico sempre a tentar recordar o teu nome que esqueci. faz tempo que morreste. talvez dois ou três anos.

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